As últimas batalhas eleitorais, o KKE, a «esquerda», o papel dos «governos de esquerda» e a postura dos comunistas gregos

As últimas batalhas eleitorais, o KKE, a «esquerda», o papel dos «governos de esquerda» e a postura dos comunistas gregos 

O Partido Comunista da Grécia prosseguirá, ainda mais decisivamente, a luta pelo derrube da barbárie capitalista – de Giorgos Marinos, Membro da Comissão Política do Comité Central do Partido Comunista da Grécia (KKE)

 
"A ofensiva contra o KKE depois das eleições não foi levada a cabo somente por vários grupos trotskistas conhecidos, mas também por forças do Partido da Esquerda Europeia como o «Bloco de Esquerda» português e a «Refundação Comunista» italiana. Os presidentes destes partidos não puderam resistir a mostrar a antipatia do oportunismo europeu para com o KKE.
 
Igualmente provocadoras são as forças que culpam o KKE por a ND ter conseguido formar um governo. Mas estas forças escondem que o único partido que realmente se opôs à ND e ao PASOK foi o KKE porque, ao contrário da SYRIZA, não está comprometido com a UE, a NATO, o grande capital e o seu poder. Não fomenta ilusões parlamentares e diz ao povo a verdade sobre as forças da gestão burguesa. O nosso partido leva anos a lutar contra os dilemas da intimidação da «direita/contradireita», «centro-direita/centro-esquerda» e combate a lógica do mal menor, que é um beco sem saída e que fez com que os partidos comunistas da Europa fossem a reboque da social-democracia. "

 

O KKE envia as suas saudações de camaradagem aos Partidos Comunistas, às e aos comunistas e a um grande número de lutadores de todo o mundo que expressaram o seu apoio e solidariedade sincera ao nosso partido, porque compreenderam as duras lutas de classe que o partido levou a cabo durante um largo período de tempo, antes e durante a crise capitalista.

O nosso partido continuará a ser digno da sua confiança e intensificará a luta pelos interesses da classe operária e dos sectores populares, pelo derrube da barbárie capitalista, pelo socialismo. Porque isto é uma exigência do objectivo de abolir a exploração do homem pelo homem, esse princípio fundamental dos partidos comunistas.

Os acontecimentos na Grécia, e particularmente as duas últimas batalhas eleitorais, provocaram muitas discussões sobre o KKE, a «esquerda», o papel dos «governos de esquerda», a postura dos comunistas.

Algumas forças que ainda utilizam o nome de «Partido Comunista» apesar de estarem no caminho da mutação social-democrata e outras forças que falam em nome da «esquerda» abriram uma frente – clara ou disfarçadamente – contra o KKE, caluniando a sua atividade, ocultando ou distorcendo as suas posições, falando sem fundamento de sectarismo, utilizando a polémica do opositor, adoptando e difundindo as posições da SYRIZA.
 
A SYRIZA é um partido fanático pela União Europeia, veículo da visão utópica do «capitalismo de rosto humano», constituído por forças oportunistas de direita, «restos» da luta de classes, grupos marginais da extrema-esquerda (trotskistas e ex-maoístas) e uma parte importante de quadros do social-democrata PASOK. 

As forças que abriram uma frente contra o KKE, entre as quais está o aparelho do «Partido da Esquerda Europeia» e outras organizações defensoras da caricatura do «socialismo do século XXI», foram divulgadas porque a actividade do KKE e a sua contribuição para a luta revolucionária as refuta. No entanto, a sua postura é prejudicial para a classe operária, os sectores populares, a juventude, porque se colocam do lado dos opositores dos comunistas. Os comunistas lutam constantemente contra a burguesia, o imperialismo e opõem-se de modo militante à assimilação dos objetivos do capital pelos trabalhadores.

Apelamos às e aos comunistas, aos trabalhadores e trabalhadoras que sigam o desenvolvimento dos acontecimentos na Grécia e se interessem pelo curso da luta de classes para terem uma melhor compreensão da estratégia e da táctica do KKE, da sua história e das suas lutas. Há que avaliar as suas posições com critérios ideológicos e políticos concretos e não na base de rumores e calúnias infundadas. Então, dar-se-ão conta de que o ataque contra a estratégia do KKE e da sua política de alianças, assim como os ridículos argumentos em relação ao sectarismo e ao isolamento foram lançados por forças burguesas, ou forças que na prática rejeitaram os princípios marxistas-leninistas, a necessidade do socialismo, a essência da luta de classes, que é o que conta quando se está ligado ao poder operário e popular. 

Assim, serão capazes de discernir que estas forças continuam a linha política da gestão burguesa que se esconde por trás da discussão por uma «solução de esquerda», semeando ilusões sobre a «humanização do capitalismo», com consequências muito negativas para a luta dos trabalhadores.

O pior, é que estas forças atacam o KKE de modo dissimulado e algumas vezes, pretendendo passar por «amigas», estão a utilizar os resultados eleitorais para apoiar as suas perigosas afirmações.


Sobre os acontecimentos na Grécia 

Na Grécia, a profunda crise capitalista de sobreacumulação de capitais, que entrou no seu quarto ano, combinada com a crise de outros Estados membros da UE, provoca a intensa agressividade dos monopólios e dos seus representantes políticos e expressa-se através do conjunto da sua estratégia antipopular. Os «memorandos» que foram assinados entre os governos gregos, a União Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional fazem parte desta estratégia. 

A deterioração da situação da classe operária e dos setores populares causada pela ofensiva do capital e o desenvolvimento da luta de classes, com a contribuição decisiva do KKE e do movimento com orientação de classe, levaram a um grande desgaste do social-democrata PASOK, que implementava uma dura política antipopular há muitos anos. Levou ao desgaste do partido liberal da Nova Democracia (ND) e em geral do bipartidarismo que perdeu a sua capacidade de enganar as forças populares, como fazia nos anos anteriores.

É nesta base que se promove a reforma do panorama político com o apoio da burguesia, da União Europeia e de outros mecanismos imperialistas, para que a crise capitalista seja gerida eficazmente a favor do capital, para impedir a luta de classes, para atacar o KKE e o movimento de classe. 

Um elemento básico da reforma do panorama político é a criação dos novos pólos, é o «centro-direita» baseado na ND e o «centro-esquerda» baseado na SYRIZA, juntamente com quadros do PASOK que têm responsabilidades criminais pelo seu papel na aplicação da política antipopular durante os anos anteriores.

A Grécia e as eleições parlamentares foram utilizadas como uma arena de rivalidades interimperialistas entre os EUA, a UE, a França e a Alemanha. Isto também teve expressão na postura das forças políticas gregas, sobretudo da ND, do PASOK e da SYRIZA, que «coqueteia» a França e os EUA. 

A profunda e multifacetada assimilação da Grécia pela União Europeia, a profunda e prolongada crise, combinada com a recessão na zona euro, tornaram a intervenção da UE, do FMI e dos EUA necessária para deter todas as tendências de radicalização do movimento na Grécia e o seu impacte internacional. 

As sistemáticas declarações de funcionários das organizações imperialistas, bem como publicações na imprensa estrangeiras, incluindo o apelo do " Financial Times" alemão ao voto na ND, aumentaram a polarização e a chantagem para que o povo se encaminhe para os pólos da gestão burguesa.


Avaliação dos resultados das eleições
 
O KKE fez um grande esforço, conseguindo 8,5%, 536.000 votos e 26 deputados nas eleições de 6 de Maio, mas não condescendeu. E para as eleições de 17 de Junho falou claramente sobre o plano para debilitar o KKE, previu e lutou, tanto quanto foi possível, contra o ataque organizado contra o KKE e manteve-se de pé com 4% de perdas da sua força eleitoral, com uma redução de votos e deputados, conseguindo no final 4,5%, 12 deputados e 277.000 votos.

O que é que aconteceu entre as duas batalhas eleitorais? Que dilemas colocou o sistema burguês para enganar as forças populares? O Comité Central do KKE fez uma primeira avaliação do resultado e está agora a discuti-la nas organizações de base do partido e em reuniões com os amigos do partido, a fim de acumular a experiência colectiva e utilizá-la na avaliação final. Para compreender o clima político que prevalecia, sobretudo na segunda batalha eleitoral, é importante saber que segundo a lei eleitoral o primeiro partido recebe um bónus de 50 deputados (num total de 300 lugares no parlamento grego), para «facilitar» o esforço de formar governo. Nas primeiras eleições (em que o KKE obteve 8,5%) a diferença entre o primeiro partido (ND) e o segundo (SYRIZA) foi de 2,1%, e a luta pela primeira posição criou condições de intensa polarização.

O CC do KKE avaliou que « as significativas perdas do KKE não reflectem o impacte das suas posições e da sua actividade face aos desenvolvimentos negativos que se prevêem». Tudo aconteceu debaixo de uma pressão, de uma torrente de ilusões e da lógica do mal menor, do caminho sem dor e fácil através do qual, supostamente, é possível formar um governo para gerir a crise no campo dos monopólios e da assimilação na UE, que se encarregará de deter a deterioração da situação do povo.

Além disso, criou-se um fortíssimo clima de medo e intimidação sobre a expulsão da Grécia da zona euro. As eleições decorreram em condições de uma sistemática e enganadora ofensiva desenvolvida pelos mecanismos ideológico-políticos do sistema, inclusive mediante o uso sistemático da internet. O objetivo principal foi debilitar o Partido, para impedir o fortalecimento do movimento operário, num momento em que as condições de vida do povo se estão a deteriorar. 

A conclusão é que o resultado eleitoral, no seu conjunto, reflete a tendência de contenção do radicalismo de classe que se tinha desenvolvido durante o período de crise, sob a pressão da corrente do radicalismo pequeno-burguês emergente, dirigida pela ideologia e a propaganda burguesa.

É óbvio que as lutas que se desenvolveram não conseguiram aprofundar e consolidar o radicalismo, já que não tinham o carácter de massas e não conseguiram a organização e a orientação política que as actuais condições requerem. Em última instância, qualquer tendência positiva que se desenvolveu foi influenciada por um moderado sentimento anti-memorando, pela diminuição das expectativas em condições de expansão da pobreza e desemprego massivo.


O papel do SYRIZA

As forças que apoiam – aberta ou encobertamente – a SYRIZA e caluniam o KKE têm a obrigação de explicar aos quadros e membros dos seus partidos, à classe operária e aos sectores populares os seguintes assuntos:

Por que escondem que uma parte da burguesia, grupos financeiros poderosos que controlam os jornais, a rádio e os canais de televisão, bem como os meios de comunicação estatais apoiaram decisivamente a SYRIZA e, inclusive, o presidente da Federação Helénica dos Industrialistas propôs um governo de concórdia nacional com a participação da SYRIZA?

Por que escondem que no decurso do processo eleitoral, e sobretudo depois das eleições de 6 de Maio, a SYRIZA abandonou as consignas sobre o cancelamento do memorando e do contrato de empréstimo, a estatização de empresas, etc. e adaptou perfeitamente o seu programa às necessidades da gestão burguesa?

Por que escondem que grande parte dos quadros mais corruptos do PASOK nas autoridades locais, nos sindicatos e no aparelho do Estado desempenharam um papel principal na manipulação de forças populares, de votantes do PASOK, exercendo pressões diversas a favor da SYRIZA?

Por que escondem que está em marcha um plano de reagrupamento da social-democracia com a SYRIZA no seu núcleo? E que a social-democracia foi muito útil à burguesia para a erosão da consciência radical do povo em favor da «via de sentido único da UE», para atacar e condicionar o movimento operário?

Por que escondem que este partido recorre continuamente ao anticomunismo, ao mesmo tempo que faz apelos à «unidade de esquerda»? Num dos principais eventos eleitorais da SYRIZA, presidido pelo seu presidente, um «filósofo» esloveno, Slavoj Zizek, disse numa vulgar demonstração de anticomunismo «Sim já compreendi bem o que é o KKE, o partido dos que vivem porque se esquecem de morrer», e recebeu um entusiasta aplauso do auditório.

Por que escondem que a SYRIZA utilizou todo o tipo de táticas sujas contra o KKE, a fim de usurpar o voto do povo e assim conseguir o primeiro lugar nas eleições ou, inclusivamente, a capacidade de formar governo de um só partido?

Trata-se de manobras sujas, incluindo entre outras coisas a entrega a jornalistas burgueses de documentação falsa e mentirosa com pontos de vista do Comité Central e da Comissão Política do KKE em relação à SYRIZA e à participação num governo de gestão burguesa. A experiência das condições em que o KKE lutou nestas eleições é valiosa para todos os Partidos Comunistas, e por isso os informámos sobre todas as provocações que se verificaram, incluindo a provocação no Twitter, onde criaram uma conta falsa em nome do KKE, que foi utilizada para apelar ao voto na SYRIZA.

Por que escondem que poucos dias antes das eleições, o presidente da SYRIZA teve uma reunião com o pessoal diplomático do G20, em Atenas, para «estabelecer um clima de confiança»? Com quem? Com o clube de capitalistas e imperialistas mais forte do mundo? 

Mais. O pessoal da SYRIZA apresentou ao povo grego a política de Obama nos EUA como um exemplo da política realista de gestão da crise a favor do povo. Ademais, afirmou falsamente que a eleição do social-democrata Hollande seria um factor que traria um «novo vento», alterações a favor dos povos da Europa. Ao mesmo tempo, o governo social-democrata em França apelava à submissão do povo grego aos compromissos da União Europeia e – apesar das rivalidades interimperialistas – participa com o governo alemão na preparação das novas medidas antipopulares que se estão a preparar na UE para a integração económica e política. 

Não se podem anular estes factos. O KKE não precisa de recorrer a teorias da conspiração. A verdade não pode ser escondida. Isto é de uma enorme importância para que todos os trabalhadores interessados na situação da Grécia e no papel das forças políticas possam formar a sua opinião. 

Durante muito tempo fomentaram-se mitos sobre o papel da SYRIZA no movimento operário e popular. Apresentou-se de maneira enganadora como uma poderosa força política da oposição, quando não tinha qualquer contribuição, nem sequer a mais ínfima, no desenvolvimento da luta nas fábricas, nas empresas, na organização das lutas, das greves e outras mobilizações de massas. 

Na realidade, este partido ia a reboque da Confederação Geral de Trabalhadores da Grécia (GSEE) e da Confederação dos Funcionários Públicos (ADEDY) que funcionam como instrumentos do capital, veículos do sindicalismo colaboracionista com o patronato e o governo, defensores da «colaboração de classes». 

A posição da SYRIZA no movimento das «praças» – o qual foi efémero, com um caráter de massas limitado e tornou-se um caldo de cultura de posições reaccionárias – era oportunista e integrada no plano dos que procuraram tomar as rédeas da gestão burguesa. A SYRIZA tem grandes responsabilidades porque partilhou nas «praças dos indignados», em conjunto com o monstro fascista Aurora Dourada (que esteve ladeado de outras forças nacionalistas) como força anti-memorando, promovendo consignas vulgares e reacionárias, a fim de manipular a indignação dos trabalhadores.


A luta do KKE 

 A ofensiva contra o KKE depois das eleições não foi levada a cabo somente por vários grupos trotskistas conhecidos, mas também por forças do Partido da Esquerda Europeia como o «Bloco de Esquerda» português e a «Refundação Comunista» italiana. Os presidentes destes partidos não puderam resistir a mostrar a antipatia do oportunismo europeu para com o KKE. 

Igualmente provocadoras são as forças que culpam o KKE por a ND ter conseguido formar um governo. Mas estas forças escondem que o único partido que realmente se opôs à ND e ao PASOK foi o KKE porque, ao contrário da SYRIZA, não está comprometido com a UE, a NATO, o grande capital e o seu poder. Não fomenta ilusões parlamentares e diz ao povo a verdade sobre as forças da gestão burguesa. O nosso partido leva anos a lutar contra os dilemas da intimidação da «direita/contradireita», «centro-direita/centro-esquerda» e combate a lógica do mal menor, que é um beco sem saída e que fez com que os partidos comunistas da Europa fossem a reboque da social-democracia. 

O esforço de caluniar o KKE cairá em orelhas moucas e os seus iniciadores estarão totalmente expostos porque a propaganda do sectarismo e do isolamento, utilizada pelas forças que atacam o nosso partido, é refutada pelo papel protagonista do KKE, da Juventude Comunista da Grécia (KNE) e da Frente Militante de Todos os Trabalhadores (PAME), dos sindicatos de classe, dos agrupamentos militantes dos demais setores populares e da juventude, nas dezenas de greves gerais sectoriais, em empresas, em centenas de mobilizações em que se reuniram milhares de trabalhadores com objectivos de luta que expressam os interesses dos trabalhadores e que entram em conflito com o poder do capital, com a barbárie capitalista. 

Estes importantes sucessos não podem ser anulados por um resultado eleitoral que foi negativo para o povo. 

Trata-se de uma experiência valiosa e de um legado para a escalada da luta de classes até ao final.

O KKE opôs-se e opõe-se à união e insiste na aliança social entre a classe operária, os sectores populares da cidade e do campo, com a participação das mulheres e dos jovens. Rejeita a colaboração para a formação de um «governo de esquerda» para gerir o capitalismo e insiste na formação de uma aliança sociopolítica que lute pelos problemas do povo, que entrará em confronto com os monopólios e com o imperialismo e dirigirá a sua luta para a derrocada da barbárie capitalista, a conquista do poder operário e popular.

É perigosa a estratégia que promete um futuro melhor para os trabalhadores e os desempregados através de um chamado governo de esquerda ou progressista, enquanto o poder do capital e a propriedade capitalista dos meios de produção se mantiverem intactas. Esta estratégia foi provada e demonstrou que está falida. Levou vários partidos comunistas a serem assimilados e inclusive à dissolução. 

Essa estratégia oculta o problema fundamental. Esconde que o problema do desemprego que está em crescendo de forma descontrolada, não se pode resolver enquanto o poder e a riqueza produzida pela classe operária permanecerem nas mãos dos capitalistas, enquanto predomina a anarquia capitalista e existir o afã do lucro. 

As necessidades contemporâneas do povo não se podem satisfazer porque o capitalismo está na sua última fase, a fase imperialista e é totalmente reacionário. As dificuldades na reprodução do capital, o antagonismo entre os monopólios para predominarem fortalecem o ataque que se dirige à redução do preço da força de trabalho e ao aumento do grau de exploração. Inclusive as pequenas conquistas requerem conflitos duros com as forças do capital, como demonstra a heróica greve de nove meses dos trabalhadores na Siderurgia de Asprópirgos, que contou com o apoio do KKE e da PAME juntamente com milhares de trabalhadores da Grécia e do estrangeiro, que expressaram a sua solidariedade de classe. 

A luta quotidiana pelo direito ao trabalho, a proteção dos desempregados, os salários e as pensões, a assistência sanitária, o bem-estar e a educação gratuitos e a luta quotidiana contra as guerras imperialistas, pela retirada das uniões imperialistas, pela soberania popular, pelos direitos democráticos estão intimamente ligadas com a luta pelo derrube do capitalismo.

A posição de princípios do KKE sublinha que um partido revolucionário não pode ter duas caras, não pode negar a sua estratégia, a luta pelo poder operário e popular, pelo socialismo, com o fim de arrebatar votos nas eleições parlamentares, apoiando assim formações de gestão que facilitam o sistema. 

O KKE disse a verdade. Apelou ao apoio do KKE para que seja forte, de forma a poder contribuir decisivamente à obstaculização das medidas antilaborais, ao reagrupamento e fortalecimento do movimento operário e popular, ao desenvolvimento de lutas militantes, à preparação do caminho para as mudanças radicais. 

O KKE nadou contra a corrente, tal como fez noutras ocasiões sobre assuntos cruciais, entre os quais está a revelação do caráter da contrarrevolução e do derrube do socialismo, a revelação do carácter imperialista da UE e a luta contra esta, a oposição ao Tratado de Maastricht, a condenação das intervenções imperialistas e dos pretextos que as justificam, etc. 

Neste sentido, o KKE travou as batalhas eleitorais contra a corrente do medo e o fatalismo, contra as diversas ameaças de ingovernabilidade e de expulsão da zona euro, contra as ilusões promovidas de forma sistemática pela SYRIZA. Explicou ao povo o caráter da crise capitalista e das condições prévias ligadas à retirada da UE e da NATO, o cancelamento unilateral da dívida, a socialização dos meios concentrados de produção, isto é, o governo do poder operário e popular. Opôs-se o governo operário e popular ao governo da gestão burguesa. Travou esta batalha tendo em conta o risco do custo eleitoral. 

Mais, o mais ínfimo retrocesso por parte do partido perante a pressão para participar num governo de gestão da crise teria levado ao seu desarme e ao retrocesso, à derrota do movimento operário, ao cancelamento do esforço para formação da aliança sociopolítica que entrará em confronto com a linha política dos monopólios, as uniões imperialistas, a UE e a NATO. Teria deitado abaixo todo o esforço de reunião de forças na luta pelos problemas quotidianos, que se estão a agudizar cada vez mais, pela perspetiva do poder operário e popular. Na prática, o KKE teria perdido a coerência das suas palavras e obras, dado que pediam ao partido para fazer concessões prejudiciais e enganadoras do carácter decisivo, tanto sobre o seu programa como sobre as tarefas e as lutas imediatas. 

É de enorme importância que nestas condições, quando uma série de outros partidos na Europa não estão representados no parlamento ou se diluíram em formações social-democratas ou esquerdas oportunistas, o KKE se mantenha firme, mesmo que com menos força eleitoral, em comparação com a sua influência política mais ampla. A sua estratégia sobre as duas vias de desenvolvimento, a necessidade da aliança sociopolítica e a luta pelo poder operário e popular, a ampliação e o aprofundamento das suas ligações com a classe operária, os sectores populares pobres, continua a ser um elemento da sua nova atividade no povo para que se mantenha de pé, para que não sucumba ante os novos perigos que o esperam.

A estratégia do KKE foi diariamente confirmada pelos acontecimentos. Trata-se de uma estratégia baseada nos princípios comunistas, na base das leis da luta de classes e determina o objectivo, o caminho e as condições prévias a fim de resolver a contradição fundamental entre o capital e o trabalho, a fim de resolver o problema central do poder e abolir as relações de produção exploradoras numas circunstâncias em que o capitalismo sofre as suas contradições inconciliáveis, se torna cada vez mais reacionário e perigoso e não há nenhuma forma de gestão do sistema que possa resultar numa solução favorável ao povo. Com esta estratégia, com esta linha de luta o KKE contribui incansavelmente para o esforço de reagrupar o movimento comunista na base revolucionária; estimula e apoia a luta dos comunistas, a luta anti-imperialista em todo o mundo, reforça a solidariedade internacionalista, assumindo ao mesmo tempo a sua responsabilidade no desenvolvimento da luta de classes a nível nacional.

O nosso partido é muito exigente na avaliação autocrítica do seu percurso. Destaca que não basta ter uma estratégia correta e um espírito militante. Há que estudar bem as suas debilidades, para ser mais eficaz em questões de direcção política, melhorar a educação ideológica e política para acelerar a construção de organizações do partido nas fábricas, nos centros de trabalho e nos bairros populares. Para fortalecer o movimento de orientação de classe, para que os sindicatos e outras organizações sejam massivos, para que novas forças participem na luta. 

O KKE continua a sua luta com um maior sentido de responsabilidade e determinação pelos problemas do povo. Centra a sua atenção na luta contra a política fiscal antipopular, pelos contratos colectivos de trabalho, os salários e as pensões, a protecção dos desempregados, a saúde, o bem-estar, a educação. Ao mesmo tempo prepara as suas forças contra o perigo de uma guerra imperialista contra a Síria e o Irão.

Luta contra a política antipopular do governo da ND, do PASOK e da DIMAR (Esquerda Democrática), que surgiu de uma cisão da SYRIZA e faz parte do plano de manipulação da «esquerda» e do povo. Leva a cabo uma luta mais organizada contra as ilusões de esquerda que a SYRIZA promove; reforça a sua luta contra o fascista «Aurora Dourada».

Já há tempos tínhamos informado muitos partidos comunistas que o ataque contra o KKE se intensificará. Muitos camaradas sabem que a burguesia, os mecanismos estatais e para-estatais utilizaram meios repressivos e provocações contra o KKE e a PAME e agora há que estar muito bem preparados para fazer frente à escalada do ataque contra o partido.

Continuamos a nossa luta. Esforçamo-nos por ser mais eficazes na organização e no desenvolvimento da luta de classes. 

A redução da força eleitoral do KKE não invalida as vantagens de importância decisiva que o nosso partido conseguiu com grande esforço. Não invalida a força que tem nos sindicatos, nas organizações de massas, no movimento operário e popular, na juventude, o seu prestígio na classe operária, a confiança que o povo expressa nas lutas diárias, independentemente de isto ter sido expresso nas eleições.

«Amigos nas boas ocasiões» 

Por isso, as forças que aberta ou secretamente interpretam o resultado eleitoral de forma arbitrária para minar a estratégia e a táctica do KKE, bem como o seu papel no movimento comunista internacional, serão julgados pelos comunistas revolucionários, pela classe operária. 

Há forças suficientes para a gestão do sistema. O que necessitam os povos são partidos comunistas verdadeiros que não vão gerir a barbárie capitalista em nome da «esquerda governamental» e do realismo de aceitar uma correlação de forças negativa. Porque daquele modo só se prepararia o caminho para as forças do capital, perder-se-ia um tempo precioso pelo qual a classe operária e os setores populares pagariam um preço elevado. 
 
 

Lutas 1: 
1 No original, os textos seguintes são legendas de fotografias. [NT]  10-11 de fevereiro 2012:

Greve geral de 48 horas. As forças do PAME ocuparam o Ministério do Trabalho e penduraram uma enorme bandeira na qual estava escrito: "Não ao novo massacre do povo – Abaixo o Governo – A Troika deve ir-se – Dissociação da UE". Os grevistas denunciam o plano dos governo-Troika-plutocracia para erradicar todos os direitos do trabalho, avançar com medidas selvagens com o pretexto do novo empréstimo.

12 de fevereiro 2012:
Centenas de milhares de trabalhadores responderam ao apelo da PAME, da PASY (pequenos agricultores), da PASEVE (autónomos e microempresas) da Federação das Mulheres, manifestando-se contra as medidas barbaras do secundo «memorando», apresentado ao parlamento nesse dia. «Fora o governo, fora a troika!

11 Apelo do KKE desde a Acrópolis: «Abaixo o memorando. Que a plutocracia pague a crise!» gritavam os manifestantes. "Abaixo a ditadura dos monopólios e da UE"! Esse foi a lema na faixa grande que o KKE fixou na Acrópolis em 12 de Fevereiro, dia quanto se discutia no parlamento o secundo «memorando» reaccionário. Através desta acção simbólica, o KKE fez um apelo à classe operária, aos sectores populares pobres e à juventude a entrar na luta decisiva contra o poder dos monopólios. 

Primeiro de Maio:
Em Atenas realiza-se grande manifestação de PAME em frente da "Siderúrgica Grega", expressando a sua solidariedade com os grevistas na siderurgia. A greve na fábrica dourou 272 dias. A mensagem da solidariedade de classe encontra-se com o compromisso com a organização de classe, a aliança popular, a contra-ofensiva contra os monopólios. 

7-8 de Julho 2012:
Realiza-se em Nestorio, na Kastoria (região fronteiriça no norte da Grécia), o 21º «final de semana Anti-imperialista» da Juventude Comunista da Grécia (KNE) que é um encontro dos jovens comunistas de todo o pais. Os eventos deste foram dedicados à luta heróica do Exército Democrático da Grécia (DSE) durante a guerra civil (1946-1949) que foi o ponto culminante da luta de classes na Grécia durante o século passado.

Rizospastis – Órgão do Comité Central do Partido Comunista da Grécia (KKE)


Mafarrico Vermelho

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